Bilah Bernardes Poeta

Se calo as palavras, brotam versos

Textos

Ode aos Antepassados


Em minhas veias
mulheres indígenas de São Paulo
Potira(s) Bartira(s), Tibiriçá(s)
circulam, amam, renascem
dançam seus ritmos tribais
Ainda geram as forças
que impulsionaram seus descendentes
à coragem de bandeiras seguirem
chegando a Minas Gerais

Em minhas veias
também soam tambores, surdos
africanos deslocados
por mares atravessados
até se unirem aos povos
vindos da distante Portugal
e aos indígenas originários
pra viverem nas Gerais

Em minhas veias, o banzo
de quem saudades sentiu
alguns aventureiros, outros exilados
Buscaram terra nova
fugiram de muitas guerras
e, sendo judeus asquenazitas
buscaram uma vida em paz


Em minhas veias
um rio e muitos afluentes
passaram pela África, Itália, Portugal
vieram pelo Oriente Médio
navegaram oceanos diversos
Aportaram em nossas montanhas
e aqui fizeram um lar

Em minhas veias
sigo Aída guerreira
ouço fados e cirandas
danço valsas vienenses
ou bailo a tarantela
Também can-can, flamenco
Faço soar castanholas,
aprendo a dança do ventre
e a sensualidade do Egito
guia meus movimentos

Em minhas veias, todos navegam
Ouço-os, vejo, sinto, imito
recebo por herança e agradeço!
Biláh
Biláh Bernardes
Enviado por Biláh Bernardes em 28/02/2024


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